Marie Kondo que me perdoe, mas o minimalismo é o que cabe aos millennials
Cada descarte é, na verdade, uma fatura que venceu e não trouxe alegria nenhuma
Faço parte da geração Millenial, em linhas práticas, é a galera dos adultos que nasceram entre 1980 e 1990 e é a primeira vez que paro para pensar nisso.
Dentro da minha realidade e da maioria ao meu redor, vejo que essa geração patina quando comparada aos pais, em linhas diretas, somos uma geração que trabalha, trabalha, trabalha e… não sai do lugar.
Vejo no meu círculo de amizades e de conhecidos os mais variados perfis: burnoutados, depressivos, ansiosos e uma galera que caiu na fábula de que bastava apenas se esforçar para se dar bem na vida.
Sim, conheço gente que se deu bem também, embora sejam a minoria.
E você que me lê, deve estar se perguntando: “Murilo, onde você se encaixa na lista de adjetivos de dois parágrafos atrás?”
Eu sou o ansioso, embora tenha aprendido a rebater essa porra de ansiedade com atividades físicas.
E como muitos outros, venho de mais de uma década de exploração do meu trabalho, sem uma recompensa financeira, digamos à altura da qualidade dos serviços prestados.
E aqui com um detalhe especial: Sou PJ, MEI e diferente dos que abominam a CLT não me vejo como um empreendedor, um patrão de mim mesmo.
Foi o que precisei fazer para não morrer de fome e conseguir morar sob um teto alugado.
Eu gostaria de ter um 13º salário, de participar de lucros da empresa, ter um VR, um VA, Fundo de Garantia e se fosse mandado embora um seguro desemprego.
Mas hoje eu tenho um trampo PJ, cujo único benefício é o de ter flexibilidade de horário, sim isso é bom, mas só.
Sendo assim, eu preciso responder mensagens que chegam em horários alternativos, como às 6h ou às 22h sobre coisas que realmente não são tão importantes, apenas para saber que não perderei meu “emprego”.
Aquele papo de que dinheiro não traz felicidade? Pura hipocrisia… enfim.
Tá ruim? Sim!
Poderia ser melhor? Sim, mas também poderia ser pior. Reconheço.
Consegui parar de reclamar há algum tempo, uma vitória pessoal minha, mas passo longe de discursos piegas de gratidão e se tem algo que eu não sou é good vibes.
Além de ser anti-good vibes e gratidão, sempre me considerei uma pessoa anti-marketing, de maneira natural.
Ou seja, propagandas de marketing, textos repletos de copy nunca me pegaram. Eu nunca quis o que a maioria das pessoas ao meu redor quiseram.
Última geração de celular? Roupas da estação? Produtinhos do influencer? Quero que se foda tudo isso!
Assim, é possível dizer que eu já vivia em um minimalismo inconsciente, mas que de uns tempos pra cá, tem se aflorado de maneira “incômoda” em mim.
O minimalismo é um conceito que se refere à simplicidade e redução ao essencial, tanto na arte, design, quanto no estilo de vida. Em essência, o minimalismo prega que "menos é mais", buscando eliminar o excesso e priorizar o que realmente importa.
E todo mundo que já foi atrás de entender o que é o minimalismo, se deparou com Marie Kondo, consultora de organização Japonesa, que criou o método Xis Pê Tê Ó de organização, onde devemos viver com o mínimo e manter só o que nos desperta alegria.
Papo de coach, meio piegas com um toque de romantização. Não curto.
O minimalismo pode ser aplicado em diversas frentes, quando uma pessoa é minimalista, isso pode ser bom para o meio ambiente (como dizem os eco chatos que acham que vão salvar o mundo), para a economia circular, ou então para o bolso.
E quando falo de bolso, é de maneira literal!
Como um milenial fodido, eu preciso ser minimalista, porque se eu não for, as minhas contas simplesmente não fecham.
Ter um imóvel? Não tenho grana para isso, nem para comprar, nem para bancar juros de um financiamento que não poderei assumir, afinal, não tenho respaldo de segurança no trabalho para esse “tipo de risco”.
E se tivesse uma casa? Teria que pagar IPTU, morando em uma cidade hoje na qual o prefeito está tentando transformar esse imposto residencial em comercial simplesmente por ter um cadastro de MEI no endereço.
Veículos? Têm que ser relativamente “desgastados” com alguns anos de vida, isso barateia o IPVA, quiçá o seguro.
Um amigo me disse há pouco tempo: “não compro uma casa, nem veículos, pois não são meus de fato, afinal, depois de comprá-los, precisarei continuar pagando impostos sobre eles”.
Na hora fiquei pensativo, mas depois de um tempo, concordei.
Com a precarização (ou uberização) do trabalho, um congresso que trabalha contra o povo, eminências de guerras, a saída dos milenials é mesmo o minimalismo.
Com menos móveis e eletrodomésticos em casa, assim como imóveis menores, a gente gasta menos dinheiro com compras, contas e manutenção, além de ser mais rápido deixar tudo em ordem e não ficar tirando poeira de quinquilharia desnecessária.
Inclusive, vivenciei um exemplo disso na semana retrasada.
Quem me lê aqui há algum tempo, sabe que gosto de corridas de carros e motos.
Alguns dias atrás entrou em cartaz o filme da Fórmula 1 e como forma de divulgação o McDonalds juntou a determinado combo de lanche duas miniaturas de carrinhos.
O preço? R$ 75,00 cada. As duas R$ 150,00.
Bonitas, bem feitas, pensei em um primeiro momento: pô, que legal, mas passado alguns minutos o seguinte pensamento me invadiu: gastar cento e cinquenta pila nessa caralha para ficar aqui do lado na minha mesa de trabalho juntando pó? Não, obrigado.
Como disse anteriormente, não reclamo, mas convenhamos, não é errado querer viver melhor, e esse melhor não significa ganhar 10, 15, 20 mil reais por mês.
Não precisar se preocupar com o básico já seria bom.
E para os que falam que precisamos pensar lá na frente, e me questionam sobre a necessidade de economizar para se aposentar, assim como quais são os meus planos futuros, eu costumo dizer que, existem algumas estratégias para parar de trabalhar, sim.
Eles envolvem: uma terceira guerra mundial, um asteroide acertar a terra ou um colapso climático.
Dos três, o asteroide é o menos provável, convenhamos. Embora conheça quem torça por todos eles. Ao mesmo tempo.
É Marie Kondo… você devia criar agora, um guia prático para galera fingir que simplificação foi meta, não necessidade.
Certamente iria ganhar uma bela grana, inclusive dos millennials, que “adotaram o seu estilo de vida” porque não há outra alternativa!