
Vejo de maneira hilária o fato de que a maioria das pessoas ter que ter sempre algo por esperar (ou acreditar).
Será fé, esperança ou necessidade?
Até hoje não sei, mas deixemos assim.
A verdade é que quando dezembro chega, todos os dias parecem ser uma sexta-feira.
O que tem que ser feito de trabalho é jogado para o ano que vem, tem happy hour quase todo dia e as academias basicamente se esvaziam.
E aí começam as resoluções de ano novo fora da realidade.
Perder 30 kg, se alimentar melhor, comprar um carro, mudar de país, pedir demissão, fazer transição de carreira.
Porra, não fode, né?
Junte-se a isso as tradições irritantes da véspera de réveillon.
Comer uva debaixo da mesa, jogar sei lá quantas sementes de romã para trás, usar uma peça de roupa de determinada cor….
Dentre todas as tradições sem pé nem cabeça, a que eu mais odeio é a da lentilha.
Comer lentilha dia 31 de dezembro traz fartura.
Cara, eu odeio lentilha e todo ano era briga, principalmente com meu pai que me enchia o saco pra comer uma colherzinha dessa leguminosa.
Eu não gosto, não comia e até hoje o cheiro da lentilha me entoja.
Digo que a lentilha (e a ervilha) possui (em), um gosto e um cheiro ocre. Minha amiga, Rita, sempre zoa comigo, mas é inexplicável.
Ela diz que ocre é cor e não sabor, eu discordo, ocre para mim, no caso das lentilhas e ervilhas é sabor também.
A maioria das pessoas pensam que assim que o relógio bate meia-noite um pó de pirlimpimpim vai passar pelo mundo e tudo vai se tornar lindo e maravilhoso à lá o fantástico mundo de Harry Potter.
Por mais ranzinza que eu seja, vai tudo continuar na mesma.
As metas irreais que foram traçadas não serão cumpridas.
Você vai continuar odiando a segunda-feira e o seu chefe e o seu emprego.
E a única diferença é que teremos um 5 ao invés de um 4 no fim das datas.
E aqui um adendo importante:
Acho legal fazer resoluções realistas, ter momentos introspectivos, avaliar o que deu errado e tentar mudar em alguns pontos para o ano que começa.
Contudo, isso depende muito mais de cada um do que de terceiros.
Júpiter entrando em Plutão com ascendência em dragão da lua minguante não vai mudar sua vida pra bem ou pro mal.
Quer mudar de emprego? Então avisa quem está à sua volta volta, fale com seus amigos, com seus colegas de trabalho, sei lá.
Quer um aumento? Se for CLT vai lá e pede pro chefe.
Quer arrumar um(a) namorado(a)? Saia de casa, vai conhecer pessoas.
Não jogue as responsabilidades do que você quer para o ano que se inicia em terceiros.
Sim, algumas coisas ainda dependem de nós e eu não sei se isso é bom ou ruim.
E para começar o ano me vejo muito nessa citação de Ariano Suassuna:
“Não sou nem otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas amargos. Sou um realista esperançoso”.
Para muitos eu pareço um pessimista. Mas não, sou um realista.
E vou tentar fazer pra mim e para quem estiver ao meu redor um 2025 mais bacana, contudo dentro da realidade do que é possível ser feito.
Infelizmente, não ganhar na mega-sena da virada atrapalhou um pouco meus planos, mas paciência. Seguimos.
Feliz ano novo e bora para a primeira segunda-feira do ano.
Murilo...há há há! Você se contradisse no último parágrafo. Planejou, idealizou, sonhou...e a culpa é das bolinhas com seus números não terem se apressado, empurrado e caído primeiro, né?
Vejo que as pessoas ao estabelecerem metas esquecem que só conseguirão se a mudança for em si mesma. Pra mim ano novo é a oportunidade de ver uma boa queima de fogos e perceber quem quer ainda lhe abraçar e lhe desejar votos alvissareiros.