Eu realmente não sei como começar o artigo de hoje, e tudo o que você vai ler a seguir é um literal compilado de pensamentos soltos que dificilmente serão assertivos.
O texto de hoje me veio à mente ontem. Mais especificamente durante o excesso de conteúdo gerado pelo mais novo festival de música da cidade de São Paulo, o “The Town”.
Enquanto assistia a uma das apresentações, eu e Patrícia (minha noiva), éramos bombardeados com stories e posts em redes sociais por pessoas que lá estavam - fossem trabalhando, ou simplesmente curtindo.
Curtir é preciso e necessário, diante de tudo o que estávamos vivendo há 2 anos durante a fase crítica da pandemia.
(um parêntese grande aqui. Acho extremamente idiota quem vai a um show ou a um festival e ao invés de curtir a(s) atração(ões) musical(is) fica apenas filmando)
Sigamos…
A questão do artigo de hoje, diz respeito à minha visão sobre trabalho, e creio que o que vou dizer nos próximos parágrafos seja algo que está e ainda vai ressoar forte por conta do período de privação de eventos pelos quais passámos há algum tempo.
A pandemia afetou a vida de praticamente TODO O MUNDO. Isso é um fato mais do que consumado.
Pessoas perderam o emprego, empresas deixaram de funcionar como funcionaram por décadas e o que se pregou de maneira hipócrita naquele momento foi o de que “vivíamos um novo normal. Que era possível viver a vida mais leve, sem pensar só em trabalho”.
Pois bem, foi só as vacinas chegarem (se você é anti-vacina, eu só lamento e espero que você nunca mais volte pra ler um texto meu), que o que se viu foi um boom de imediatismo. Uma corrida literal rumo ao tempo perdido.
Eventos? Sim, precisamos de muitos, se tiver ambientes voltados ao compartilhamento nas redes sociais melhor ainda.
Trabalho remoto? Não funcionou tão bem, ter a galera na empresa para conversar e olhar no olho é melhor.
Jornadas estressantes e pagando pouco? Tudo bem, sem problemas, eu aceito! Afinal, solta-se nas mídias que não há mão de obra qualificada, mas para minha vaga havia mais 200 candidatos que topariam fazer o trabalho por metade do que eu ganho, então, bora aceitar tudo que é imposto.
E acho que é aqui, que talvez eu esteja errado.
Ao mesmo tempo que vejo posts com dizeres: “Os únicos que vão lembrar que você trabalhou até tarde daqui há alguns anos, são seus familiares”, também vejo postagens de pessoas que se dizem orgulhosas de terem entregado mais um job, com rotinas de trabalho que ultrapassam 10h… 12h por dia.
Inclusive, recentemente viralizou a postagem de uma galera que tatuou a logo das empresas onde trabalham.
Segundo os tatuados, assim o fizeram, pois se sentiam parte da cultura da empresa, que o local de trabalho e as pessoas que ali trabalham eram uma família.
Olhando de fora só posso pensar, que babaquice.
Mas, como já disse algumas vezes, nunca tive uma vivência empresarial.
Já soltei currículos a rodo, nunca fui chamado sequer para entrevistas, o que talvez signifique que não sou mão de obra qualificada que as empresas buscam.
Também nunca tive o famoso Q.I - Quem Indica, embora tenha frequentado congressos e feito muitos cursos em minha área de atuação, o que me permitiu o mínimo de networking.
Não faço posts melosos em LinkedIn nem sigo as trends dos momentos com o intuito de viralizar. Quiçá um erro da minha parte, mas não consigo pelo fato de que não soaria sincero (pelo menos para mim).
Por isso, como diz o título desse artigo: talvez eu esteja errado.
E tá tudo bem.
É possível que as pessoas curtam mesmo trabalhar até o talo, serem moídas, se sintam dentro da cultura e vejam a empresa como uma família.
Na verdade, acredito que seja exatamente o que escreveu a escritora Giovana Madalosso em seu último post no Instagram:
“Talvez seja mais fácil trabalhar sem parar do que encarar o ócio com sua inescapável vista para o vazio”.
E se as pessoas se sentirem bem dessa forma, quem sou eu pra julgar?
Murilo...julgamentos são posições individuais e concernentes aos valores que foram absorvidos. Cada um deve saber quem é, o que quer e fazer o que deseja independente da opinião dos demais. A pandemia foi um marco na história da humanidade como a gripe espanhola e o que hoje, agora é importante ser trabalhado pra sobrevivência é a conscientização da responsabilidade que temos em deixar, para as novas gerações é um planeta em que elas consigam saber porque aqui estão.