Já parou para pensar que todos os relacionamentos terminam?
E não estou falando apenas de relacionamentos amorosos. Me refiro também às amizades, coleguismos…
Infelizmente, tudo tem um fim. Por mais que os românticos de plantão digam que não, eu afirmo que sim.
Neste texto, eu vou filosofar com bases em leituras e em meus próprios pensamentos sobre os motivos pelos quais (além da morte) os relacionamentos amorosos chegam ao fim.
Então, vamos lá…
Em primeiro lugar, é importante dizer que, na maioria das vezes, um relacionamento não acaba simplesmente por uma única causa.
Normalmente, uma série de fatores culminam no término de uma relação.
Um ponto importante a se dizer é que assim como na vida esportiva, onde sempre respeitei adversários e joguei limpo, também o fiz em relacionamentos.
Por mais piegas que possa parecer, acho importante a questão da empatia, de se colocar no lugar do outro, de não fazer com alguém o que você não gostaria que fizessem com você.
Não, eu não sou adepto de relacionamentos abertos, embora a mídia e pessoas tentem convencer que essa forma de se relacionar é inovadora e evita relações extraconjugais, é algo que (ainda) não entra em minha cabeça.
Mas então, Murilo, por que cargas d’água relações chegam ao fim?
Sinceramente, não sei. E não acredito que exista uma resposta exata para isso.
Existem teorias sobre os motivos pelos quais casamento acabam explicadas por grandes nomes da ciência, tais como Charles Darwin e Albert Einstein e embora eu as tenha lido, não vou citá-las aqui (se interessou por elas? pesquise e leia).
Vou enfileirar agora, os motivos pelos quais creio que as relações de casais terminam.
Acho que o primeiro lugar é o fato do descuido.
Afinal, em um primeiro momento há todo um cuidado quando se está conhecendo alguém.
Começar um relacionamento em si até o ponto em que o processo de conquista termina e você está definitivamente com a pessoa, faz com que ocorra um esfriamento automático da relação.
Em outras palavras: é comum que casais se acomodem.
Outro ponto está no espaço.
Relacionamento saudável precisa de espaço, para que cada um possa ser quem realmente é e faça coisas que gosta de fazer, sem a obrigatoriedade da presença do outro.
Se você gosta de escalar e está se relacionando com alguém que tem medo de altura, você há de convir comigo que, nunca vai rolar uma escalada romântica com fotinho ou stories no topo da montanha.
Ainda na questão do espaço, o respeito ao espaço do outro é importante. Há dias em que variações hormonais ou situações particulares farão com que um queira ficar sossegado, no seu canto.
Logo, a falta de respeito e até mesmo, compreensão a este espaço/tempo é algo que pode gerar ruídos e brigas.
E isso nos leva a mais uma questão: o se anular pelo outro.
Todo mundo conhece um casal no qual um ou ambos se anularam de determinada maneira pelo companheiro(a).
Deixaram de se encontrar com os amigos, não foram mais ao happy hour da firma, pararam de fazer algo que de que gostavam.
Aqui dá pra falar sobre uma linha tênue, que são as mudanças naturais da vida, e nessa parte você pode apontar o dedo pra mim, dizendo que pessoas e situações mudam.
Sim, seu círculo de amizades pode mudar, você pode mudar de gosto por hobbies e o caralho a quatro. Mas a questão da auto anulação é real.
Acredito que, em todos os relacionamentos as pessoas se anulam em determinado grau.
Há pessoas que com o término de uma relação, têm dificuldade de se encontrar consigo mesmas, pois deixaram de ser o que eram.
Uma outra questão que muitas vezes inicia o fim de uma relação é o morar junto.
Namorar ou então, estar em um noivado morando em casas separadas é diferente do que morar sob o mesmo teto. Muito diferente.
Quando se mora junto, funções passam a ser compartilhadas e quando não um há um cumprimento dessas atividades, isso culmina em brigas e discussões que poderiam ser evitadas.
Fazendo uma analogia, vejo o morar junto como uma empresa.
Se alguma ação sair do roteiro original ou não for feita, haverá atritos, que podem aumentar ou diminuir de forma significativa. Isso vai variar com a “empresa e seus funcionários”.
Há também o silêncio, seguido por consentimento.
É mais do que sabido que o silêncio ergue muros.
E quando se consente ao silêncio, os muros aumentam chegando ao ponto de se transformarem em intransponíveis e por fim, ruírem, levando consigo a relação.
Ninguém é obrigado a saber o que o outro está pensando.
Diálogo, clareza são pontos primordiais para um relacionamento feliz e duradouro.
E por fim, mudanças.
Pessoas são seres mutáveis, isso é inegável. Ninguém é a mesma pessoa de um ano atrás. Se for, essa pessoa certamente estará bugada.
E nessa mudança, pode-se perceber que o(a) companheiro(a), já não compactua dos mesmos ideais e desejos, o que também leva ao fim de relações, que podem ter muitos anos de duração.
Há ainda uma série de questões que poderiam ser citadas aqui.
A rotina, dificuldades financeiras, falta de sexo, a ausência daquele brilho no olho ou frio na barriga de tempos atrás, comparações em redes sociais e nos círculos de amizades, a chegada de um filho e por aí vai…
Inclusive, seria possível discorrer sobre essas questões, o que tornaria o texto extremamente longo (isso sem falar que eu não sou um terapeuta ou psicanalista de casais, mas sim um mero escritor).
A grande verdade nisso tudo é que o término é, sim, triste.
E dentro do meu ponto de vista, não existe aquela célebre frase: “Ah… mas não deu certo”.
Bicho, deu sim.
Deu enquanto durou e independentemente do tempo que tenha durado.
A questão da tristeza existe, porque por mais que relacionamentos na maioria das vezes sejam vividos entre duas pessoas, sempre há terceiros envolvidos.
Cunhados, sogras, sogros, tios, amigos de um que se tornam de outro, filhos, animais de estimação…
Acredito (não sou o senhor da razão, tá?) que embora doloridos, os términos devem ocorrer da maneira mais amigável possível. E aqui permito minha utopia falar mais alto.
Ainda falando de tristeza, há várias situações melancólicas que vêm junto com o término..
O casal que antes eram amigos, amantes e confidentes, deixa de conversar sobre os mais diversos assuntos.
Memes não são mais compartilhados um com o outro, assim como fofocas do trabalho, da família.
E o nome e número que apareciam no topo de aplicativos de mensagens e directs de redes sociais, aos poucos vai ficando mais pra baixo.
Contudo, depois de um “certo tempo de solidão - que podem ser alguns dias, semanas ou meses” é possível notar padrões comportamentais antigos que na hora soavam como normais, mas que depois fica claro que não eram.
E no fim (literalmente) fica imortalizada a estrofe que, para mim tem a voz de Cássia Eller:
“Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre sempre acaba”
E assim, a gente segue o velho conselho do grande Ricardo Boechat que ao término dos seus programas sempre dizia: “toca o barco”.
E assim, muita gente vai tocando o barco, mas agora sabendo que o pra sempre tem um fim.
Uau! Perfeito! E talvez essa minha reação seja devido ser divorciada duas vezes e tido muitos amantes e agora um cidadão fala em "casar".... Identifiquei-me em todas as suas observações. Nem todo mundo aceita que somos diferentes a cada momento que é vivida uma nova experiência. Isso é viver.