Quando se fala de nutrição, mais de 90% das pessoas vão pensar em um profissional cujo principal objetivo é fazer cortes em dietas, com o intuito de promover emagrecimento.
Sim. Infelizmente, esse é um estereótipo formado do profissional nutricionista.
Triste? Com certeza.
Além do nutricionista “emagrecedor” há também o nutricionista que atua em cozinhas.
É o(a) famoso(a) nutricionista de UAN - Unidade de Alimentação e Nutrição. Responsável pela segurança alimentar de um local que produz refeições.
Nunca gostei de UAN, o tema foi responsável por vários debates (debates, não discussão) com minha coordenadora ainda na época de faculdade.
Na minha utopia ideológica eu seria um nutricionista clínico e esportivo, que por meio de uma nutrição simples, empática e acessível ajudaria os pacientes a recuperar e manter a saúde, ou então, faria com que atletas profissionais e amadores conseguissem melhora de desempenho em suas práticas esportivas.
Depois de formado, consegui atuar (e ainda atuo) como nutricionista clínico, mas felizmente, consegui uma expansão para outros universos inimagináveis tempos atrás.
Digo felizmente, pois, a concorrência entre nutricionistas é ampla e muitas vezes desleal.
Isso sem falar na necessidade de enfrentar outros profissionais que invadem nossa área de atuação, como é o caso de educadores físicos, médicos, fisioterapeutas e até esteticistas.
Há também os coaches, profissão que nem é profissão.
Assim, saindo da obviedade da profissão, não só aprendi, como consegui ganhar dinheiro como venho me mantendo até hoje.
Existe hoje, tema cerceia muitas profissões e com a nutrição propriamente dita, não poderia ser diferente. Estou me referindo ao uso e avanço da inteligência artificial.
Um estudo que envolveu diversas instituições brasileiras, que fez uso de uma base de pesquisa desenvolvida pela Universidade de Oxford foi aplicado à realidade brasileira.
A conclusão deste ensaio foi a de que 58,1% dos empregos podem desaparecer no país em cerca de 20 anos devido à automação.
Contudo, a nutrição está entre as profissões com menores chances de desaparecer.
As chances, nesse caso, são de apenas 0,4%.
Eu já disse aqui, que atuo como conteudista da área da saúde. Já fiz uso de Chat GPT, Chat Sonic e outras ferramentas de IA.
Elas funcionam? Sim! Escrevem coisas erradas? Com certeza.
Mas como eu domino os assuntos sobre os quais escrevo, eu tenho um crivo crítico e conhecimento para filtrar o que esse tipo de tecnologia produz.
Assim, posso usá-la ao meu favor, mas não de modo a confiar cegamente nela. Na minha rotina, esse tipo de tecnologia é minha ajudante.
Vamos então, adiante, ao falar de nutrição além do óbvio.
Hoje a maioria dos nutricionistas atuam em consultório ou em UAN.
Mas de acordo com as resoluções do CFN nº 600/2018 e 605/2019, há hoje 69 áreas de atuação para o nutricionista trabalhar.
Em épocas de mercado saturado e demissões em massa sair do óbvio nunca foi tão importante.
E como esse é um espaço de conversa, entre eu e você que está lendo, vou te mostrar agora, como eu sai do óbvio com a nutrição.
A primeira “pisada” fora do óbvio na nutrição que dei e segue até hoje é a escrita.
Para escrever é preciso estudar, por isso, costumo dizer que ganho para estudar, uma vez que ainda recebo pelos conteúdos que produzo.
(Aqui entramos em um parêntese grande. Escrevi um livro, que está à venda digitalmente nesse link - Nele falo profundamente sobre saúde público, por meio de histórias pessoais vividas durante os momentos críticos da pandemia de covid-19)
Outro ponto fora do óbvio na nutrição, são os produtos digitais.
Esse é um mercado que esfria e aquece, mas que sempre precisa de pessoas com conhecimento e base científica para montar algo tangível, seguro e dentro da realidade.
Já trabalhei com vários produtos digitais e às vezes, algum job dessa natureza aparece para mim.
Pesquisa & Desenvolvimento é outra área na qual atuei (e ainda atuo).
Existem hoje algumas empresas de suplementos, além de pequenas marcas que desenvolvem produtos próprios e que, precisam de heads de pesquisa.
Com base em minhas formações e especializações, estou apto para ajudar no processo e inclusive, ganhar com vendas realizadas.
E por fim, outra área que atuei e ainda atuo é a de consultoria e direção.
Já trabalhei como diretor em conjunto com uma profissional da área de saúde mental em um produto digital voltado à ao bem-estar de funcionários de empresas.
Depois de apresentar esse determinado produto, atuamos como consultores nessas empresas mostrando maneiras de como a psicologia e a nutrição podem potencializar a saúde mental de pacientes.
Como é fácil notar, hoje atuo como nutricionista, mas em uma linha totalmente fora do óbvio.
Sempre que converso sobre minha atuação na nutrição, me perguntam:
“Mas Murilo, quais são seus próximos passos? O que você tem em mente?”
Tenho o desejo de no futuro próximo trabalhar no livro que vai ser lançado em formato físico com editora; desenvolver um podcast apenas sobre nutrição, mas de forma leve, descontraída e informativa; fazer um mestrado na área de saúde pública e escrever mais livros.
Para colegas nutris e futuros profissionais que ainda estão na faculdade, eu acredito que existam “caminhos em alta” para o futuro próximo. Assim, eu apostaria em:
Tratamento de doenças autoimunes;
Atendimento de terceira idade (Brasil será o 5º país com mais idosos no mundo em breve);
Nutrição de precisão.
E como dicas importantes, embora eu não me considere influente para isso eu daria duas aos meus (e minhas ) colegas de profissão e estudantes que estão prestes a se formar:
A primeira dica: escolha com MUITO cuidado cursos de pós-graduação e também os extensão. Há muita coisa rasa sendo vendida como ouro, além de modismos. Esses cursos só vão sugar seu dinheiro e não trarão retorno financeiro, nem profissional.
A segunda dica: não acredite no que você vê nas redes sociais. 90% da rotina dos nutricionistas é mentira, quem realmente trabalha duro, não tem tempo de romantizar profissão na web.
E para finalizar, é sempre importante dizer que o óbvio também precisa ser dito e isso vale para todos os nutricionistas.
Muito significante ler o seu trabalho. Estou prestes a sair da faculdade de nutrição e antes mesmo de formar, já pensei em desistir dela duas vezes. Já fiz estágios extracurriculares em áreas fora da clínica e UAN em empresas de suplementos e cheguei na conclusão de que se eu quiser continuar onde escolhi, tenho que sair desse óbvio. Claro que sei que não será fácil, mas estou disposta a tentar outros caminhos.
Murilo, só agora consegui ler. Muito bom esse alerta. O livro é o q já tive acesso? Pergunto pq me coloco à disposição para revisar. Quanto ao seu atendimento posso lhe colocar em contato com meu filho LUIZ RENATO TOPAN - triatleta e que talvez possa ser útil para ambos. Ele tem ISTAGRAN- topan_luiz.