Brasileiro gosta de ver brasileiro ganhando
A apreciação do esporte em si, fica em segundo plano
Às vésperas de mais um dia do trabalho, me permito escrever mais um texto sobre brasileiros e Fórmula 1.
Quem me conhece, sabe que sou um apreciador das corridas, embora há algum tempo venha tentando me desvencilhar das competições automobilísticas, por um motivo óbvio: tempo!
Assistir corridas demanda muito tempo, e como só temos os finais de semana para descansar…
Hoje me atenho à Fórmula 1, MotoGP, FIA WEC e esporadicamente à Indy. As categorias nacionais eu não acompanho mais.
Mas não estou aqui para falar sobre quais competições eu assisto ou não.
Meu objetivo no texto de hoje é simples. Mostrar que os brasileiros de maneira geral, não curtem determinados esportes em si, mas sim, o fato de ver algum brasileiro ganhar.
Vejo isso como algum resquício patriótico, mas não quero entrar muito nessa seara.
Assim, hoje, quase 30 anos após um “herói nacional” ter morrido trabalhando, quero escrever algumas linhas sobre Senna e o seu legado de ser brasileiro e vencedor na cabeça de tanta gente.
Dito isso, vamos à polêmica.
Amanhã, faz 30 anos que Senna morreu após seu trágico acidente em Ímola.
Eu como apreciador do esporte, tenho vagas lembranças, afinal tinha 5 anos de idade quando aconteceu.
Já assistia corridas, mas minhas primeiras recordações concretas datam da temporada de 1996.
Com o passar dos anos, enquanto criança e adolescente, “fui manipulado” por parentes mais velhos e pela mídia.
“Senna foi o maior de todos os tempos; a Fórmula 1 acabou para mim depois que Ayrton Morreu” são algumas das frases que me ludibriaram por alguns anos.
Curioso, busquei informações sobre o “herói”.
Li revistas, assisti vídeos antigos e até conseguir pensar por mim, Senna era o maior de todos.
Com o passar dos anos e assistindo corridas, vi Schumacher aceitar o desafio de liderar a Ferrari, vencer cinco títulos e mutilar seu companheiro, o brasileiro Rubens Barrichello.
Rubinho foi vice-campeão duas vezes, algo que merece reconhecimento, ok? Andava poucos milésimos atrás de Michael, o que estava ótimo. Afinal, era o melhor piloto em atuação.
Mas como tinha um carro vencedor nas mãos, brasileiros torcedores não aceitavam o fato de que, ele não conseguia vencer.
“O carro é diferente, a equipe favorece o alemão, Rubinho acerta o carro para Schumacher”.
Essas frases eram comuns na boca de quem ainda assistia Fórmula 1 depois da partida de Senna.
E o pior de tudo, eram replicadas pela mídia e pelo piloto Brasileiro.
Passemos alguns anos à frente então..
A chegada de Felipe Massa à Ferrari, mas dessa vez, sem Schumacher.
Enfim, a chance de termos mais um brasileiro campeão, mas dessa vez sem ninguém para atrapalhar.
Raikkonen venceu o campeonato em 2007 e Felipe Massa perdeu o campeonato para si mesmo em 2008 (se quiser eximir o piloto de ter perdido o título, jogue a culpa no motor estourado na Hungria).
Falando de Fórmula 1 ainda, esporte que conheço e domino, 2009 foi a última chance que o Brasil teve de título.
Uma Brawn GP, oriunda do espólio da Honda com motor Mercedes com Button e Barrichello aos volantes.
O inglês se entendeu melhor com os freios, criou uma gordura de pontos no início do campeonato e se sagrou campeão em interlagos.
Não vou ser hipócrita, tampouco mentiroso de dizer que não curti ver Barrichello e Massa ganhar corridas e disputar títulos.
Mas já pensando por mim, concluí que não havia necessidade de ter um brasileiro correndo para que eu assistisse corridas.
Por que? Porque eu gosto de corridas. Simples assim.
Os anos se passam e eu vejo essa continuidade de pensamento, essa necessidade quase que carnal de ter um brasileiro para torcer.
Ainda na área da Fórmula 1. Vejo narradores, comentaristas e “torcedores” clamarem por um brasileiro em um cockpit.
Coloca o Drugovich, sobe o Enzo, no futuro o Bortoleto vai ser piloto da McLaren igual o Senna, dizem os ufanistas.
Não tem necessidade.
Drugo tá lá encostado, sem patrocínio, andando de simulador e como “piloto reserva”. Se titular, não faria mais do que Stroll faz.
Enzo foi dispensado da academia da RedBull, embora tenha ainda o apoio da marca. Sabe que se não fizer nada relevante na F2 essa temporada dificilmente lá correrá em 2025.
Até porque, não tem vaga. Na minha opinião, faltam equipes.
E Bortoleto? Tem futuro? Pode até ter, mas antes precisa aprender a fazer boas largadas.
No entanto, a mídia insiste em colocá-los como candidatos a um assento no futuro próximo.
Murilo, quer dizer que você não gosta do Senna? Acha ele um piloto ruim? não gosta de brasileiros.
Não. Senna foi bom piloto, e como todo bom piloto nunca foi bonzinho, nunca foi santo. Além disso, não tenho nada contra brasileiros.
Senna está ali no meu top 5, quiçá top 6 de maiores da categoria… Atrás de Schumacher, Hamilton e Prost.
Meu objetivo aqui é simples e foge do óbvio.
É mostrar que brasileiro, normalmente só assiste algum esporte se tem algum brasileiro por quem torcer e com chances reais de vitória.
Veja o Hype que se formou há pouco tempo atrás no Surf e no UFC quando os brasileiros começaram a ganhar.
Sempre debati em alguns grupões de Whatsapp (hoje com menos afinco), que a gente não precisa de um brasileiro em determinado certame.
É possível assistir um esporte, puramente por prazer.
Além disso, é válido lembrar que há 30 anos, Ayrton não foi o único a perder a vida.
Roland Ratzenberger, piloto austríaco que corria em uma literal cadeira elétrica também morreu em decorrência de um grave acidente, ainda no sábado.
E para finalizar, falando sobre Senna.
Sim, após 30 anos de sua morte eu lamento sua partida, e se você que está me lendo for religioso ou algo do tipo, aceite o fato de que ele não está mais entre nós e deixe o cara descansar.
Gostri do seu artigo, pois fpra da sus área consegue, como brasileiro, identificar a razão pela qual a maioria torce. Eu torço atualmente pelo holandês desde 2021 porque gosto de velocidade, ousadia e é assim que Gloria - neta de austríacos torce em frente à tv qdo a câmera disposta no capot do carro me dá a chance de pilotar numa disputa com outros a "pole poscion"..