As delícias e os perrengues de morar sozinho
Embora tudo pareça festa, ter apenas a própria companhia traz à tona sentimentos de prazer e satisfação, mas também senso de responsabilidade...
Morar sozinho é o desejo de muita gente e para maioria das pessoas - eu acho, esse desejo surge ali no momento em que passamos pelas rebeldias sem causa da adolescência.
Mas preciso ser honesto. Não moro sozinho 100% do tempo.
Uma semana eu estou com Polenta e Bisteca - filhas de quatro patas e na outra, aí sim, estou completamente só e assim será por muito tempo.
Com 36 anos nas costas, me considero uma pessoa responsável e que sabe lidar sem nenhum tipo de “picuinha” com afazeres domésticos.
Sim, isso não é mais do que obrigação. É o básico do básico, é ser um humano funcional.
Eu sei (e gosto de) cozinhar, embora lavar a louça não me agrade muito.
Limpo os rejuntes sujos dos azulejos do boxe, esfrego privada, passo espanador, vassoura e pano.
Conto com a ajuda de um robô aspirador.
De todos os afazeres domésticos, apenas não passo roupa, afinal para mim se trata de um desperdício de tempo e de energia (física e elétrica).
Ao morar sozinho, vivemos uma vida de delícias e perrengues. Importante pontuar.
Com relação às delícias:
É possível fazer o que se quer fazer e na hora que bem entender, assim como “deixar de lado” afazeres quase que obrigatórios em uma vida de casal.
Não preciso cozinhar todos os dias ou varrer a casa (exceto quando as cachorras estão por aqui).
Assim como não preciso arrumar a cama ao levantar - embora eu arrume, afinal, cama desarrumada passa uma sensação de casa bagunçada, não sei explicar.
A mesma lógica vale para as louças.
Contudo, ao mesmo tempo que existem as delícias, há os perrengues.
Só existe eu para colocar em prática as funções citadas acima, da mesma forma que sou o único responsável pelos boletos.
Há ainda, outros tipos de dificuldade quanto você é sua própria companhia apenas.
Coçar as costas em determinado ângulo, talvez seja a maior delas.
Não ter com quem conversar também pode ser um incômodo, principalmente quando a solidão ainda não se transformou em solitude.
Se bem que, em determinados momentos, as conversas podem ser feitas conosco mesmos, ou então com os animais de estimação.
É bom conversar, colocar pensamentos e sentimentos para fora.
No mais, ao morar sozinho sinto que meu canto é só meu, mais ou menos como diz a música da banda Biquíni Cavadão - Meu reino.
Na canção, há versos que falam sobre nosso lar ser um reflexo de nós mesmos.
Quando se mora sozinho, esse reflexo tende a se acentuar.
Além disso, em alguns finais de estrofes Bruno Gouveia canta: “Minha casa é meu reino”.
Concordo com a canção e pelo fato de minha casa ser meu reino, sou extremamente seletivo com quem passa pela porta de entrada.
Embora não entenda de energia e coisas do tipo, ser seletivo dessa maneira, me poupa de uma série de coisas e me permite desfrutar das melhores companhias que existem: as das minhas cachorras e de mim mesmo.