Somos movidos pelo desejo, pela ambição. Sempre queremos algo, e isso na maioria das vezes varia de pessoa para pessoa.
Já diria o filósofo alemão Arthur Schopenhauer - também chamado de pai do pessimismo (e por isso o meu preferido, dentro do meu básico conhecimento sobre filosofia) “a vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”.
Isso é verdade, principalmente quando levamos em conta alguns pontos passados de nossa vida, principalmente da infância.
Que criança nunca quis tanto um brinquedo, até o momento em que o ganhou e algum tempo depois, o largou em um canto qualquer.
Exemplificando de maneira comum e rasa, acabei de dar uma amostra de desejo de objeto físico.
Mas isso não significa que todos desejam algo físico. Muitas vezes, as pessoas não travam batalhas para que consigam enfim ter um objeto palpável, literalmente algo concreto.
Vivemos em um mundo no qual pessoas têm realidades distintas.
Para uma pessoa que tem fome, por exemplo, batalhas serão travadas com o objetivo de se ter comida no prato.
Para quem sofre com alguma doença, a luta vai se dar visando a recuperação da saúde.
Infelizmente, estamos inseridos em uma sociedade de comparação.
E essa comparação, muitas vezes acaba por se infiltrar na cabeça das pessoas, tirando-as de seu foco, e levando-as desejar o que talvez, não seja seu real desejo de fato.
Falando da minha realidade, da minha classe social, de pessoas que têm minha idade, noto que o desejo principal é ter uma casa própria.
Já me peguei várias vezes pensando em ter um imóvel, do meu jeito, para viver com minha família. Mas será que isso que eu quero mesmo? Será que não sofro de uma influência externa?
Embora sonhar ainda seja de graça, é importante levar em conta um aspecto muito grande dentro dos nossos desejos: a realidade ao nosso redor.
Os salários hoje estão estagnados.
Normalmente, no final dos meses o que sobra são dias e não dinheiro.
E isso inegavelmente faz com que de tempos em tempos a realidade venha bater em nossa cara.
Seguindo meu exemplo: hoje moro em um lugar legal e suficiente, mas pagando aluguel.
Se um dia quiser ter um imóvel como esse, mas sendo meu, quanto dinheiro não precisarei juntar para que essa batalha seja vencida?
E aqui eu nem me permito entrar no mérito de inflação ou especulação imobiliária.
Fazendo cálculos rápidos (e imprecisos) precisaria de aproximadamente 400 a 500 meses para juntar o que às vezes eu consigo guardar do meu salário para vencer a batalha de ter um imóvel próprio, que talvez eu acredito querer.
Isso daria aproximadamente 40 anos.
Ou seja, quatro (fucking) décadas juntando grana - sem levar em conta uma série de indicadores - para se ter uma casa.
Isso sem entrar no âmbito de opções que poderiam me ajudar a vencer essa luta, como financiamento (repleto de juros), cartas de crédito, consórcios e etc.
Por que?
Ah… porque é isso que a sociedade diz que é preciso.
Por isso, tão importante quanto escolher suas batalhas, é entender sua realidade e quais são seus verdadeiros desejos. Não dá pra querer ter tudo!
Há quem deseje ter um veículo próprio e trabalhe arduamente por isso.
Por outro lado, existem aqueles cujo desejo seja conhecer o mundo, quanto mais países melhor.
Há também pessoas que desejam ter filhos.
Outros que desejam ser donos do seu próprio negócio, ganhar montanhas de dinheiro e assim sucessivamente.
Dessa forma, é primordial que você não use réguas alheias para se medir. Sua realidade é só sua e de ninguém mais, portanto, não permita que ninguém escolha suas lutas por você.
Não se deixe influenciar por batalhas e conquistas alheias. Fique feliz por amigos e parentes queridos que venceram as batalhas pelas quais decidiram lutar.
E com isso em mente, reflita sobre qual é a sua peleja e assim comece a sua lida.
E a você caro (a) leitor(a) que chegou até aqui? Se me permite perguntar, pelo que você batalha? Deixe um comentário me contando. Vou adorar saber.