A essa altura, todos já sabem que o estado do Rio Grande do Sul enfrenta a maior “catástrofe climática da história do Brasil”.
Depois de chuvas muito acima da média em um curto período de tempo, todo tipo de estrutura - natural e criada pelo homem não conseguiu dar vazão à água e temos como resultado trágico: mais de 350 cidades inundadas, pessoas e animais mortos, além desaparecidos.
Isso sem entrar na questão de bens físicos e materiais.
Eu poderia meter logo de cara a questão política nisso tudo. EMBORA TUDO SEJA UM ATO POLÍTICO, hoje eu vou me conter.
Eu vou (tentar) falar através de algumas linhas, porque a natureza humana oscila entre o bom e o ruim. Principalmente em momentos como esse.
Uma coisa é fato: quando a gente se depara com situações como a qual o RS do está passando, a gente observa uma vasta gama de comportamentos humanos.
Esses comportamentos variam de altruísmo à indiferença ou de heroísmo à crueldade, por exemplo.
E como já fiz em outros artigos, uso da ciência e até mesmo da filosofia para analisar situações e comportamento.
(não que eu seja cientista ou filósofo, muito pelo contrário, mas ambos nos dão base palpável para concluir algo - que pode ser certo ou errado)
Logo, todo meu pensamento/julgamento a seguir é baseado em perspectiva científica e filosófica.
Do ponto de vista da ciência, é possível examinarmos o comportamento em catástrofes como essa, por meio da psicologia e sociologia, principalmente.
Em situações de crise, a necessidade de sobrevivência tende a desencadear respostas de solidariedade e cooperação.
Isso se explica através da teoria proposta pelo biólogo evolucionista Robert Trivers, que sugere que seres humanos possuem predisposição para ajudar aqueles que podem, potencialmente, retribuir o favor no futuro.
Essa teoria leva em conta o princípio de que “uma mão lava a outra”, ou seja, a cooperação entre indivíduos pode beneficiar ambos.
Já a psicologia, principalmente na parte social, destaca que em situações de desastres, a presença de normais sociais que valorizam a ajuda mútua e o apoio comunitário pode incentivar indivíduos a se engajarem em comportamentos altruístas.
O velho exemplo da ação por repetição. Mais ou menos como a criação do hábito em crianças.
Entretanto, a gente também precisa reconhecer que há pessoas que podem exibir comportamentos negativos durante crises desse porte.
Em momentos de escassez, a competição por recursos (limitados), pessoas podem recorrer a estratégias egoístas visando sua sobrevivência em detrimento dos outros.
Além do mais, fatores como a desigualdade social ou o acesso desigual a recursos junto ao trauma psicológico, podem contribuir para o surgimento de comportamentos negativos, como violência e saques.
Do ponto de vista filosófico, é possível puxarmos um pouco do utilitarismo.
Essa “tese” filosófica argumenta que as ações humanas devem ser avaliadas com base em sua capacidade de maximizar a felicidade ao mesmo tempo que o sofrimento é minimizado.
Entretanto, também podemos examinar o comportamento humano em catástrofes climáticas à luz do existencialismo - que destaca a liberdade individual e a responsabilidade pelas próprias condutas.
De acordo com essa perspectiva, mesmo em condições adversas, seres humanos mantêm capacidade de fazer escolhas morais e agir de acordo com seus interesses, valores e princípios.
E aqui, pensamento meu, solto diz respeito à complexidade do comportamento humano diante de uma catástrofe climática.
O ser humano é extremamente complexo e em uma situação catastrófica, fatores biológicos, psicológicos, sociais e comportamentais se misturam.
Assim, enquanto há quem seja solidário, outros podem sucumbir ao egoísmo e violência.
Acredito, e eu possa estar errado que esse breve texto ajude a explicar tudo o que temos visto:
Desde mentiras canalhas que têm sido compartilhadas a rodo, saques, abusos em abrigos a redes de colaboração, resgate de pessoas e animais, sem falar nas doações.
Contudo, há pontos certeiros que precisam ser levados em consideração a partir de agora e que não devem mais ser negados e o principal deles é: o clima mudou e mudou muito rápido devido à ação humana.
Há uma galera que acredita que o mundo ainda pode ser salvo, embora eu mesmo seja cético com relação a isso.
A partir de agora os gaúchos precisarão de AMPLO ACESSO À POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE:
Água tratada; programas sociais; acesso à alimentação; suporte para saúde física e mental.
Será preciso tempo, paciência e dinheiro.
E até que tudo isso chegue ao fim, seja a pessoa que ajuda, que faz doações como pode, que não atrapalha. Convenhamos: não é difícil agir dessa maneira.
Impossível não citar aquela frase clichê (e eu odeio clichês): no fim, cada um dá o que tem!
E para finalizar, deixo um misto de otimismo se misturar ao meu pessimismo.
Ao reconhecer as diversidades de respostas humanas, poderemos buscar formas de promover comportamentos positivos e construir comunidades e sociedades mais altruístas diante dos desafios ambientais que serão cada vez mais frequentes.
O altruísmo, numa sociedade capitalista, não é incentivado na infância e, quanto ao planeta, estamos vivenciando mudanças acarretadas pela falta de conscientização de cada cidadão.