Você já ouviu falar em ambivalência?
Ambivalência é uma palavra (como muitas outras) originária do latim: “ambis” (os dois) e “valentia” (força) e define a condição, caráter ou estado do que é ambivalente.
Logo, ambivalente, é a palavra que define quando se possui de forma simultânea, dois sentimentos ou ideias em relação a algo.
Falando de maneira popular, a ambivalência nada mais é do que a experiência de se ter pensamentos e emoções que são ao mesmo tempo positivas ou negativas com relação a algo.
É uma literal relação de amor e ódio sobre determinada coisa ou pessoa.
No entanto, no texto de hoje vou (tentar) falar sobre ambivalência do ponto de vista profissional.
De acordo com pesquisas feitas por mim, o termo ambivalente foi proposto pela primeira vez na história pelo psiquiatra Suíço Eugen Bleuler, no ano de 1910, como um distúrbio relacionado à esquizofrenia.
Mais tarde, o termo foi redefinido por Freud (naquele clássico papo de que Freud explica).
Uma pessoa ambivalente, normalmente se encontra dividida entre dois impulsos ou pensamentos ao mesmo tempo.
Como resultado desse tipo de situação, é comum que o ambivalente esteja sempre ansioso, tenso e até mesmo indeciso em relação a algo relativamente simples.
Ambivalência profissional
O texto de hoje é uma reflexão válida para todos os leitores, mas como faço sempre por aqui, acabo puxando o tema para meus sentimentos e dia a dia.
E como você, leitor, já deve ter notado, sou um ambivalente há tempos sobre minha profissão.
Como citei, ser ambivalente significa ter opiniões opostas a respeito de um determinado assunto.
Sendo um nutricionista, produtor de conteúdo da área da saúde e escritor, já mencionei aqui algumas vezes sobre o fato de ser um entusiasta da nutrição.
Contudo, nutro há algum tempo um sentimento de ambivalência sobre a profissão.
É aquela velha história, pelo qual muitas pessoas já passaram: A de escolher uma profissão e não saber se essa é a carreira que deseja seguir pelo resto da vida.
Um ponto importante aqui: ninguém precisa seguir uma profissão pelo resto da vida.
O mundo está repleto de pessoas brilhantes com diplomas de gaveta, da mesma forma que muitos se dão bem sem nem ter pisado em uma instituição de ensino.
É uma minoria? Sim! Mas existe.
Mas voltando ao assunto da relação de ambivalência com a profissão.
No meu caso, me animo com ideias quase diariamente quando penso na minha área de atuação. Como por exemplo:
Montar um determinado planejamento alimentar para um paciente específico ou então, gravar um vídeo/escrever um artigo sobre determinada dieta da moda.
Mas aí, surge o sentimento de ambivalência.
Do que adiantou todo meu estudo se o paciente não vai seguir as minhas orientações, e inclusive vai chegar no consultório com pré-conceitos provenientes de pessoas que não estudaram sobre necessidades nutricionais?
E ainda é possível ir mais além:
Por que gravar um vídeo ou escrever um texto de cunho nutricional se a maioria das pessoas preferem dar ouvidos a figuras sem formação na área?
E por fim, outro ponto que gera esse sentimento em mim, como profissional da nutrição, diz respeito ao meu conselho profissional regional (em letras minúsculas, mesmo).
Que mais parecem atrapalhar profissionais sérios e que pouco faz para evitar a invasão de profissionais não formados na nossa área.
De quem é a culpa pela ambivalência profissional, afinal?
Ao começar escrever a parte final desse artigo, chego a uma conclusão um tanto quanto confusa.
Esse sentimento misturado não tem origem apenas em mim, mas em grande parte vem de quem está ao meu redor. Sem querer me exaurir da “mea culpa”, importante pontuar.
Essa ambivalência é proveniente, sim, das expectativas que crio, mas também é oriunda de pacientes que não seguem as orientações ou de leitores que preferem autores sem credibilidade.
Mas como ambivalente que sou do ponto de vista profissional, gostei e não gostei da conclusão que acabo de alcançar.
A minha ambivalência está na transição de carreira! Aos 38 estou em uma nova graduação (Nutrição 😅) mas não sei se me dedico 100% ao curso ou se continuo no mercado
Murilo, vc abordou, sob âmbito profissional, a ambivalencia, mas encontrei, nas suas considerações, a resposta ao que estou vivendo. Sinto-me bem conversando online com uma pessoa, mas receio me envolver porque acabo de perder alguém que deixou um vazio e não quero me iludir nem dar a alguém uma esperança e depois uma decepção. Descobri a razão da minha ansiedade. Valeu!