Antes de mais nada, é importante mencionar que o conteúdo a seguir é opinativo. Ou seja, não se trata de uma verdade absoluta, mas sim algo que me veio à mente na noite do último sábado.
Todo ponto de vista, é a vista de um ponto. Simples assim.
Dito isso, seguimos em frente, mas sem deixar um aviso importante de lado: há muitos spoilers adiante, com isso em mente, cabe a você ler ou não ler os parágrafos que vêm a seguir.
Não sei quando as séries surgiram. Por isso, achei melhor pesquisar e me deparei com um material interessante da Folha PE.
De acordo com minhas pesquisas, as primeiras séries surgiram em meados das décadas de 1920 e 1930. Embora tenham começado nas rádios, elas migraram para a TV.
Hoje as plataformas de streaming, literalmente, entregam novas séries de maneira quase que diária aos telespectadores.
Isso meio que deu origem a uma competição de pessoas contra outras pessoas e até mesmo com elas próprias, pela necessidade de maratonar algo que os críticos indicam ou pelo fato de precisarem assistir um x número de séries por ano (nessa necessidade idiota de não descansar e sempre estar fazendo algo novo).
Mas não vamos desvirtuar.
A ideia aqui, é falar sobre o sentimento de tristeza e vazio quando uma série que gostamos chega ao fim.
No último sábado eu acabei de assistir a terceira e última temporada de Ted Lasso.
Uma série disponível na Apple TV, inglesa que usa o futebol como plano de fundo, mas que aborda uma série situações do dia a dia de maneira simples e direta.
Durante as três temporadas, a série trata de relacionamentos, traições, sentimentos de vingança, saúde mental, auto aceitação, relação de pais e filhos, desafios de trabalho, respeito ao público LGBTQIA + e outras situações às quais não costumamos dar atenção.
Quando Ted volta aos EUA para ficar próximo do filho após conquistar o vice campeonato da Premier League, mesmo tendo vencido Pep Guardiola (que faz uma pontinha na série), me peguei com os olhos marejados.
Sigamos adiante…
Outra série que me deixou órfão, foi o Método Kominsky - Netflix.
Série com Michael Douglas, Alan Arkin, Sarah Baker e grande elenco com episódios curtos, humor sarcástico e inteligente.
Na série, Douglas é Sandy Kominsky, um ator em fim de carreira fadado ao ostracismo que tem uma escola de atores. A trama se desenvolve ao redor de sua relação rabugenta com Norman (Alan Arkin).
Com apenas três temporadas, nos tornamos órfãos ainda na terceira temporada, quando Arkin não se faz mais presente e a carreira de Sandy passa por uma positiva reviravolta inesperada.
Quando acabei a série, fiquei triste por ter começado a assisti-la. Um sentimento de “se eu não tivesse assistido, poderia assistir tudo de novo”.
No entanto, é importante pontuar aqui que não gosto de assistir séries que já vi.
É mais ou menos como viajar para um lugar que você já foi para tentar experimentar as mesmas sensações e experiências de antes. Simplesmente não dá.
Outras séries que me deixaram com a sensação de órfão foram Breaking Bad e Better Call Saul.
A segunda derivou da primeira e me arrisco a dizer que é ainda melhor.
Breaking Bad fala da luta de Walter White (Brian Cranston), professor de química com câncer de pulmão, que se torna um produtor de metanfetamina junto de seu ajudante Jesse Pinkman (Aaron Paul) para pagar seu tratamento (se fosse no Brasil, a série não existiria, pois o tratamento seria gratuito e pelo SUS).
White e Pinkman passam a produzir uma das melhores metanfetaminas dos EUA, ganham muito dinheiro e precisam de um advogado para lavar toda a grana ganha.
É aí que surge Saul Goodman - advogado trambiqueiro que mais atrapalha do que ajuda a dupla. É impossível não torcer pelos “cozinheiros de meta” durante as 5 temporadas.
Quando a série acaba, somos agraciados com o spinoff Better Call Saul.
Better Call Saul mostra a trajetória de transformação de Jimmy McGill em Saul Goodman durante 6 temporadas, trazendo de volta muitos personagens de Breaking Bad à trama, com um final triste, mas que não fosse esperado pelos espectadores.
Ao final das “11 temporadas” é impossível não sentir um “quê” de tristeza.
Poderia citar mais inúmeras séries aqui, como Game Of Thrones, por exemplo, que anunciou que o inverno estava chegando durante 6 temporadas, com muito sangue, sexo em demasia e fogo, mas quando a última temporada chegou, o que vimos foi um inverno fajuto e um final fraco.
House of Cards, Little Fires Everywhere, Big Little Lies, são outros exemplos de séries de grandes sucessos que assisti e me deixaram na saudade.
Aqui cabe um parêntese importante, não sou um especialista em séries, ok?
Afinal, não assisti (e nem pretendo) a alguns clássicos aclamados pelo povo e pela crítica, como Friends, Dexter, Grey’s Anatomy, The Walking Dead e por aí vai.
Hoje estou assistindo à Succession e estou gostando.
Tenho uma opinião formada sobre essa sensação de perda e tristeza que nos acomete quando acabamos uma série.
Talvez por conta de realidades duras e pouco prazerosas de outrora, acabamos buscando nas séries um alento para a nossa rotina.
Acredito que seja isso mesmo.
E antes que você venha me julgar, dizer que não gostou do texto (algo que é totalmente de direito seu) é importante dizer que existe uma única regra nesse universo da teledramaturgia:
Não discutir por causa de série.
O amor por séries é hoje quase cego, próximo do que alguns sentem por políticos ou por seus times.
Ouça sugestões, aceite indicações de bom grado, mas não abra mão de suas preferências.
E aqui cabe uma dica de ouro: não tente enfiar sua série favorita goela abaixo das outras pessoas. Ou seja, cada órfão com sua série finalizada (ou maratonada)
E pra finalizar, quero saber de você: alguma série te deixou órfão? Se sim, qual? Deixe um comentário me contando. Vou adorar saber!
Além dessa sua lista (que também sou órfã), eu colocaria Sex and the City, True Blood, The Big C, This is us…. E por aí vai! Acho que uma série termina bem quando acaba BEM, no auge, com final para os personagens, deixando um gostinho de quero mais para quem assistiu….
Murilo, não assisto séries, novelas e lendo o que vc observou entendo que fujo dessa falta que acontece quando se perde...perder é muito triste. Venho perdendo companheiros e não tinha ainda a associação.