Depois de uma temporada de verão e outono com altas temperaturas causadas por ondas de calor que antes eram raras e agora são constantes, o inverno começa com um clima mais ameno.
Os termômetros marcam 30º C em meados de junho, um alívio diga-se de passagem.
Quando pensamos na vida de trinta anos atrás, muita coisa mudou e a nostalgia bate cada vez mais forte.
A ONU, que mais parecia o Tratado de Versalhes pré-segunda guerra mundial, conseguiu evitar um conflito a nível mundial.
Contudo, foi extremamente ineficaz em impedir invasões pontuais que mexeram com a geopolítica do globo.
Nessas três últimas décadas, o mundo presenciou uma série de invasões.
A Rússia tomou grande parte do território ucrâniano e manteve a extinta OTAN - dilacerada por Trump em seu terceiro mandato - longe, uma vez que detém o domínio total do Mar Negro.
A China tomou Taiwan “de volta”.
Os palestinos, foram dizimados ao vivo enquanto as nações apenas assistiam, em uma literal ironia onde os responsáveis pelo genocídio se transformaram no que um dia odiaram.
Netanyahu nunca respondeu pelos seus crimes de guerra, morreu em paz, mas suas ações renderam perseguições ao povo judeu que foi contra o exetermínio palestino até os dias atuais.
Venezuela invadiu a Guiana para “retomar” Essequibo e os EUA temendo um avanço comunista no continente mandou tropas para o combate enquanto nós, brasileiros presenciamos aqui do nosso lado um conflito aos moldes do Vietnam por alguns anos.
Foi a última vez que os estadunidenses tentaram interferir diretamente em alguma região fora de seu território.
Trump rachou o país, literalmente e aquele papo de fazer “america great again”, junto com o crescimento do Brics e a não utilização do dólar para comércios internacionais fizeram o país norte americano se tornar um ex-império.
O Brasil condenou o ataque venezuelano apenas da boca para fora, reforçou suas fronteiras, mas não impôs sanções à ditadura venezuelana.
Mesmo com a abolição de veículos movidos a combustíveis fósseis em diversas partes do mundo, o petróleo ainda dá uma bela grana para o Oriente Médio, Venezuela e também para o Brasil, que resolveu explorar o “ouro negro” na Amazônia fechando os olhos para os desastres ambientais que causou.
Aqui no Brasil, além do petróleo, uma minoria continuou a ganhar (muito) dinheiro com monoculturas que servem como ração para animais de outros países.
O desmatamento não parou, as queimadas não cessaram, a Floresta Amazônica morreu e o clima enlouqueceu (de vez).
Aquele papo de salvar o planeta já era furada há 3 décadas, quem dirá agora.
Moramos num país tropical, as ondas de calor aumentaram e vivemos mais de 50% do ano com temperaturas intensas e acima da média, enquanto em outras partes do globo, pessoas sofrem com invernos cada vez mais severos.
Essas alterações climáticas, junto com a chegada de tecnologias, jogou o planeta em um limbo econômico repleto de violência.
Governos autoritários estão espalhados em todos os continentes, comandando países apenas para os mais próximos ao mesmo tempo que só pioram a vida da população que, já há algum tempo se preocupa apenas em sobreviver.
O projeto de renda básica, bandeira levantada pelo antigo político que já nos deixou, Eduardo Suplicy, garante hoje menos que o básico. Afinal, grandes redes de varejo visam margens de lucro cada vez maiores.
A maior cidade do Brasil, São Paulo, é um reflexo das capitais mundo afora, com regiões centrais vazias, enquanto um grande número de pessoas em situação de vulnerabilidade nas ruas, são “controladas por meio de um policiamento agressivo”.
Furtos, assaltos, roubos são cada vez mais frequentes. Afinal sem emprego e sem renda quais caminhos as pessoas têm para comer?
Ali por meados dos anos 2000, o debate sobre ter ou não filhos já enxergava essa realidade negativa em que vivemos hoje.
Quem vive no interior, tem uma vida ligeiramente melhor.
Entretanto, foi preciso contar com sorte ao empreender em pequenos comércios.
Quem não empreendeu, mas conseguiu comprar um pequeno pedaço de terra com todas as economias que juntou (e pagando juros abusivos aos bancos), hoje planta a maioria dos alimentos que consome.
Hoje, em uma conversa com amigos, enquanto fazíamos um churrasco de legumes, questionei: Quando foi que o mundo virou essa bagunça?
A resposta mais coerente que recebi foi a seguinte: “Foi ali, perto da última pandemia, entre 2020 e 2022, quando a classe média deixou de existir, com um carro zero km custando mais de R$ 70 mil, ensino e saúde privada com valores absurdos e ninguém se rebelou, como em 2013 por conta de alguns centavos a mais nas passagens do transporte público.”
Tentei elaborar uma resposta argumentativa, mas no final, tudo o que consegui fazer foi consentir.
E indo um pouco mais além, conclui comigo mesmo que o resultado não poderia ser diferente.
O ser humano explorou por anos a fio recursos naturais de maneira não sustentável; poluiu solo e rios com agrotóxicos e demais produtos químicos; dizimou animais para consumo e se deixou levar por discursos políticos.
E ainda existe a tragicômica cereja do bolo.
Para os ricaços que acreditavam que poderiam fugir do planeta quando essa merda toda fosse irreversível, também sobrou frustração.
O lixo espacial que orbita a terra não permite que ninguém chegue, nem saia em segurança.
E pensar que nos consideramos a forma de vida mais inteligente que já habitou o planeta.
Éramos felizes… e não sabíamos o quanto.
Exatanente! Quanta ingenuidade...ou talvez ignorância. Creio sim falta de consciência de co-responsabilidade, pois cada um, só no seu umbigo, não percebeu o que a todos nós está destinado. Hoje as classes média, alta não aquilatam o porquê dos assaltos, das mortes em prol da sobrevivência. E cabe aqui observar a cegueira da humanidade que não vê que ainda não sabe escolher seus dirigentes como os animais que só dão essa responsabilidade ao que sabe conduzir com segurança o grupo.