Eu gosto de poemas, inclusive nas redes sociais
Como um trecho de Álvaro de Campos me quebrou no meio e me abriu para um novo universo.
É muito engraçado como a gente muda.
Em alguns tipos de situações, lutamos para não mudar, queremos nos manter como somos em determinados aspectos. Mas em outros, sem nem perceber, passamos por mutações malucas, revolucionárias.
Falando por mim, de uma hora pra outra me peguei gostando de… poemas. Veja só.
Gosto de ler, isso não é segredo para mim ou para os que me rodeiam. Não é raro me ver com um livro na mão, além de vários no meu banquinho de cabeceira.
Ficção, romances, crônicas, livros de saúde… sempre fui aberto e adepto de vários estilos, até que há algumas semanas um trecho do poema “Passagem das Horas” de Álvaro Campos me pegou em cheio.
Vou reescrevê-lo aqui:
“Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero”.
Eu ia colocar o poema inteiro aqui, mas vou deixar que você que me, lê procure o restante. É meio que um exercício fazer esse tipo de busca para terminar de lê-lo. Recomendo.
Esse trecho, me pegou particularmente pelo fato de eu gostar muito de viajar, conhecer novas culturas, lugares…
Não sei se já falei, mas o dinheiro mais bem gasto que existe é com viagens e comida. O resto é apenas bem material descartável…
Enfim, sem desvirtuar, vamos voltar aos poemas.
Na maioria das vezes que se fala sobre poemas, é comum que façamos a confusão com poesia.
Poesia, na verdade é um sentimento, uma emoção, tipo um clima que se cria. Trata-se de algo mais abstrato! Pode ser um texto, uma pintura, uma música, uma cena cotidiana.
A poesia é aquilo que nos toca, que nos provoca, que nos encanta independentemente da forma.
O poema por outro lado é a forma escrita, a estrutura. É o objeto concreto, meio que palpável, de certa forma.
Contém versos, estrofes, às vezes pode rimar, às vezes não. O poema é mais um dos lugares onde a poesia pode se manifestar.
Contudo, nem todo poema é poético.
Depois que li e reli o trecho do poema de Campos, me peguei pensando, por qual motivo essas linhas me pegaram tanto, a ponto de me fazer buscar por perfis em redes sociais que divulgam poemas de escritores famosos e anônimos (a melhor coisa que faço nas redes hoje em dia).
Pensei e cheguei a algumas conclusões, lógicas e ilógicas também…
A primeira, talvez seja porque o poema diz o que sentimos, mas não sabemos como dizer.
Muitas vezes estamos ali, vivendo algo, seja um sentimento, uma situação e nos deparamos com um poema que coloca em palavras o que estamos sentindo em silêncio.
Outra conclusão é a de que o poema é um jeito diferente de pensarmos o mundo, afinal ele quebra a lógica normal da linguagem.
Fazendo uso de metáforas, jogos de palavras e até mesmo imagens. o que nos tira do automático.
E de modo geral, pelo fato de que são curtos, mas profundos. Afinal, vivemos em um mundo repleto de informações, mas que são, ao mesmo tempo rasas.
Aí então, o poema entra e dá uma pausa.
Em poucas palavras, ele entrega beleza, densidade ou até mesmo um soco no estômago. Caralho, poesia pura, ne?
Acho que a graça dos poemas, é que nem sempre dá pra entendê-los de primeira. E quer saber? Nem precisa.
Às vezes, o bonito está em não entender mesmo, não saber, apenas sentir… sem explicar. É foda!
Como “escritor” que sou, comecei a me arriscar no universo dos poemas.
É claro que, por enquanto, não obtive êxito na jornada, mas vou seguir colocando em prática.
Enquanto isso, vou me permitindo apreciar a beleza dos poemas que me pegam de maneira desavisada enquanto rolo o feed das redes sociais.
Não creio que esteja em posição de dar conselhos para alguém, mas se estivesse eu diria: leia uns poemas de vez em quando.