Reabilitado das redes sociais, mas em luto pelos memes
Uma jornada de desintoxicação digital sem promessas de iluminação, só de sanidade.
Já deixei claro em outros textos aqui que as redes sociais pouco agregam na vida das pessoas hoje em dia.
“Mas e quem é influencer e ganha a vida com posts e vídeos?” Você pode bradar.
Sim, existem pessoas que ganham dinheiro com isso, mas não é sobre isso que quero falar hoje.
A real é que eu já queria ficar longe das redes há algum tempo, particularmente do Instagram.
Como alguém que trabalha com comunicação na área da saúde e fica o dia inteiro sentado em frente uma tela, tudo o que eu não precisava era de mais tempo de tela nos meus “horários” livres.
Fora que eu já havia notado alguns comportamentos errôneos em mim, como: conferir o celular de tempos em tempos, mesmo com as notificações desativadas, sentimentos de “tristeza” sem causas aparentes e uma ansiedade sem razão visível.
Assim, de um um dia para o outro resolvi: vou desinstalar essa merda. E assim o fiz.
Contudo, algo me feria por dentro: Ficar sem os memes. Os memes são as únicas coisas que realmente valem a pena nas redes e eu gosto deles.
Eu tenho um humor um tanto quanto peculiar, que para alguns pode soar agressivo (embora eu passe longe de Léo Lins e companhia ltda) e ficar longe dos memes foi um pouco doloroso.
Redes sociais são projetadas para gerar estímulos que liberam dopamina no cérebro.
A dopamina é um neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa, como muita gente sabe.
E essa liberação de dopamina é ativada por comentários, curtidas, notificações e conteúdos interessantes, o que nos leva a um ciclo de busca por gratificação imediata.
É por isso que as pessoas verificam seu celulares cerca de 60 vezes por dia.
Pesquisas indicam que hoje, as pessoas desbloqueiam o celular em média 152 vezes ao dia, com apenas 11% sendo para notificações.
Na primeira semana, meu cérebro sentia falta dessa dopamina.
Enquanto eu trabalhava, automaticamente esticava a mão para pegar o celular, mas lembrava em pouco tempo que isso não era necessário.
Mas em busca pela dopamina perdida, meu cérebro tentava me enganar.
Em vários momentos me peguei rolando o feed do LinkedIn, rede ainda mais tóxica que o Instagram na minha opinião.
Aproveitei e desinstalei o LinkedIn do celular, também. Afinal, ali só tem autopromoção, vagas da Guppy, além de oportunidades que a meu ver estão longe de ser verdadeiras.
Já que estava no embalo, saí de alguns grupos do Whatsapp e silenciei todos aqueles que postavam stories nos aplicativo de mensagens.
Em cerca de duas semanas eu experimentei uma paz que há muito tempo não sentia.
A bateria do celular que era carregada todo dia, passou a ser carregada a cada 36…40 horas.
Mais de tempo se abriu na minha rotina.
Como sou PJ e trabalho em homeoffice, a rotina de trabalho começou a acabar mais cedo.
Ganhei tempo de qualidade para praticar atividades físicas, dar atenção para minhas cachorras, além de aumentar meu tempo de leitura e assistir algumas séries e filmes que estavam em minha lista.
Fácil e rapidamente concluí o que já sabia: redes sociais são um estorvo.
Contudo, eu ainda sentia falta dos memes. Como disse lá em cima, eu gosto de memes.
Assim, passado cerca de um mês, resolvi voltar ao Instagram, mas pelo computador.
Ao retornar, fiz uma limpa em quem eu permitia me seguir.
Com um perfil fechado e pouco atualizado, tenho apenas 119 seguidores, número que ainda considero alto.
Já o número de perfis que eu sigo é um pouco maior: 526. Aqui, a maioria é relacionado a memes, esportes que eu gosto de acompanhar e viagens.
Usar o Instagram pelo computador tem suas vantagens.
Quando você estiver deitado fazendo nada, pois o ócio também é importante, você não vai levantar, ligar o computador para ficar rolando o feed sem fim.
Há menos posts patrocinados do que no app e inclusive, você pode pulá-los nos stories.
Embora essa minha ação esteja longe de ter sido um detox e está mais para um rehab, decidi que não desejo ter o app no celular tão cedo.
Além da diminuição da busca por dopamina, notei que parei de me comparar com outros.
Também diminui as reclamações para mim mesmo e acompanho menos notícias políticas - duas resoluções de ano novo que fiz comigo assim que 2025 entrou em curso.
Me sinto bem, e embora meus (poucos) amigos costumem me chamar de pessimista (quando na verdade sou um realista), me vi mais positivo nos últimos dias, mas longe daquele otimismo tóxico.
E nessa jornada toda cheguei à conclusão daquilo que eu já sabia: A melhor vida que tem é a offline!