Home office é vida (mas ainda para poucos)
Rotina organizada e falta de contato humano são bônus literais
Muita gente não me conhece. Então, vou falar brevemente sobre o meu eu profissional.
Com duas formações acadêmicas (Biomedicina e Nutrição), duas pós-graduações (Nutrição Esportiva e Fitoterapia) e alguns cursos de extensão, ganho a vida há quase dez anos escrevendo sobre saúde.
Principalmente como ghost writer.
Nesse período, praticamente 100% do meu trabalho foi feito à distância.
Ou seja, home office, antes mesmo da pandemia chegar e mostrar para o mundo a possibilidade e os prazeres de se trabalhar de casa.
Há algum tempo, fui chamado para produzir conteúdo científico para uma startup de suplementos.
A reunião foi presencial, divertida, informativa, mas para valer a pena do ponto de vista financeiro, o formato de trabalho teria que ser à distância.
Mas infelizmente, a vaga era presencial.
Sim, cada empresa tem seu formato de trabalhar. Contudo, me vi obrigado a dizer que dessa forma para mim, não funcionava.
Afinal, o que muda?
Se tenho prazos para entregar determinados conteúdos, porque não fazê-los de casa? Na tranquilidade, com uma internet de qualidade e sem barulho ao meu redor?
Como a reunião (e não o call), fluía de maneira positiva, o gerente da vaga me questionou:
Por que não trabalhar presencial em um ambiente descolado, extrovertido e inspirador?
Então, a minha (poderosa e às vezes, incontrolável) sinceridade falou por mim:
Hoje eu tenho um esquema de trabalho e de vida muito bem organizados.
Me alimento com qualidade, tenho horários para praticar atividades físicas, passo o dia na companhia de meus animais de estimação, além de poder realizar pausas saudáveis e revigorantes durante minha rotina.
Não gostaria de perder tempo (literalmente), no trânsito ou transporte público, para fazer algo que posso fazer do conforto da minha casa.
O gerente assentiu. E foi além.
Afirmou que o home office trouxe uma série de benefícios para as pessoas, mas que isso afasta as pessoas e afeta a relação com colegas de trabalho. “Não há mais olho no olho, tampouco calor humano, isso é lesivo para os valores da empresa”.
Como introspectivo que sou, particularmente acho que um dos principais benefícios de trabalhar em casa é justamente não precisar dessa interação, muitas vezes tóxicas, podendo, inclusive, ir mais além:
Não “gastar” roupas boas para ir trabalhar, evitar almoços ou happy hours às sextas é quase um bônus financeiro pra mim.
A reunião continuou agradável e prazerosa. Mas como esperado, não consegui a vaga.
E como o mundo não gira, mas sim, capota, descobri sem querer depois de um tempo, através do algoritmo da rede social de autopromoção (conhecida como LinkedIn), que a vaga ficou marcada por um grande turnover.
Um reflexo dos tempos modernos, onde empresas e pessoas insistem em não se modernizarem.
E sabe o que eu mais ando vendo? Vagas presenciais ou “híbridas” com um, no máximo dois dias em casa, e o restante na empresa. O home office se tornou para poucos e creio que não tenha vindo pra ficar…. 😔