Não sei se você notou, ou se sou eu que estou exagerando, mas a real é que estamos vivendo um momento de “festivalização” (não sei se o termo existe, ou se eu o criei).
Esse é um movimento que despontou assim que a pandemia de Covid-19 foi amenizada pela chegada das vacinas e que segue em um processo de crescimento sem limites.
Aqui é importante pontuar que o setor de eventos foi o mais afetado pela pandemia. Foi o primeiro a parar e o último a retornar.
E agora, com o anseio de recuperar o tempo e dinheiro perdidos, tudo tem se tornado um “grande festival”.
Se você mora em grandes centros, é fácil notar que há uma grande oferta de eventos que são potencializados por ações de marketing.
Festival da tatuagem, festival do miojo, super balada open bar, festivais musicais e por aí vaí.
Antes que você leitor(a) aponte o dedo para mim e diga: “Murilo, a gente passou meses presos dentro de casa, temos direito de nos divertir, não seja chato”.
Sim, eu concordo com a questão que foi lidar com a pandemia, embora uma minoria tenha, de fato, ficado em casa.
Mas a questão é que os órgãos regulatórios de saúde, realmente conseguiram “frear” grandes eventos.
Esse tempo parado prejudicou muita gente e aqui, me refiro às pessoas físicas e jurídicas.
Assim, a solução para recuperar esse “tempo perdido” é simples: festivais, megaeventos, grandes festividades e por aí vai.
E é aqui que entra o “X” da questão: Os altos preços, que seguem fora da realidade da maioria esmagadora das pessoas.
Grandes bandas do passado que pararam de tocar, voltam aos poucos por grandes cifras de dinheiro.
Festivais musicais trazem nomes que pouco vêm até aqui, por cifras que beiram a pornografia.
Além de estrelas do momento que causam furor e lotam estádios com temperaturas cujas sensações térmicas beiram os 60 ºC.
Assistir uma corrida internacional, ver seu artista preferido, são situações que mexem com o passional das pessoas. Isso é um fato.
Assim, é natural que o pensamento venha à tona: quando terei outra oportunidade novamente?
Com isso, a primeira barreira dos preços é rompida. Independentemente de quanto custam os ingressos (ou experiências), basta parcelar a perder de vista.
Supera-se a questão do ingresso, atingimos um segundo patamar da “questão” preços.
Uma vez dentro do ambiente festivo, independente qual seja, é necessário consumos básicos para a manutenção do bem-estar e da “sobrevivência”.
E se há vendas de produtos, como água e alimentos, é claro que você não pode entrar com o seu.
Para ver seu ídolo, então, não basta desembolsar cifras de dinheiro que farão falta no seu orçamento durante meio ano (ou até mesmo um ano inteiro).
É preciso também, ser literalmente assaltado e pagar mais de dois dígitos em garrafinhas ou copinhos d’água; em lanches ultraprocessados; bebidas alcoólicas e souvenirs.
Isso é claro, mediante a um enfrentamento de filas gigantescas.
Já me submeti a eventos grandes desse tipo, importante dizer. Fiquei em filas, paguei caro pra entrar e fui explorado no interior destes.
Sempre pensei comigo: cara, isso aqui é insalubre. Deturpa dignidade e valores humanos. Não sei como ninguém morre nesse tipo de situação.
Até que, alguns dias atrás, antes de um show da cantora Taylor Swift começar, uma fã que pagou caro para realizar o sonho de encontrar sua ídola morreu.
Morreu durante o show, porque estava calor, o ambiente não estava preparado (a organização vedou as entradas de ar para que ninguém de fora tivesse acesso visual ao interior), porque não podia entrar com água para ter que comprar o líquido que vendiam lá dentro com mais de 10.000% de lucro.
A festivalização está sem freios e com certeza os preços destoam dos valores. Principalmente dos valores humanos.
E aqui, eu aproveito a deixa e te pergunto: quanto vale sua diversão? Ela tem um preço ou valor?
Exatamente! Sua constatação é de uma transparência que até reli pra ter certeza que estava lendo um outro post. A importância em se comparar os valores à condição financeira é abolida quando se temporiza. Ressalte-se a diferença entre as reações dos jovens e a dos adultos amadurecidos.