O debate sobre fé e saúde nunca sai de moda.
Trata-se de um tema que às vezes esquenta e em outros momentos, esfria.
Eu como profissional da saúde (e ateu), já me debrucei e ainda me debruço sobre estudos que envolvem o assunto.
Felizmente, o número de estudos sobre fé e saúde vem crescendo ano após ano.
Em uma busca rápida no pubmed, encontrei mais de 16 mil estudos/artigos que citam fé e saúde.
As datas são de 1868 (não, eu não digitei errado) a 2023, com um crescimento exponencial ali, em meados dos anos 2000.
É muito comum na área da saúde ouvirmos dos pacientes (e parentes desses pacientes), quando há algum diagnóstico de doença, seja simples ou grave a célebre frase:
“Se deus quiser, vai ficar tudo bem”
Algo importante de ser tido sobre fé e religião é o respeito.
Profissionais da saúde (e cientistas), podem não acreditar ou seguir determinadas religiões, mas devem respeitar a fé e a crença dos seus pacientes.
Lendo artigos, conversando com outros profissionais da saúde, buscando textos referenciais para esse conteúdo que estou escrevendo e ouvindo podcasts/programas eu posso afirmar uma coisa:
Religiões, forças superiores e a fé propriamente dita, não são capazes de evitar adoecimentos ou promover cura de doenças.
Mas (sempre tem um mas), quando o paciente tem fé, essa é capaz de impactar indiretamente em tratamentos e sim, promover melhorias na saúde.
Separei alguns exemplos práticos para te mostrar.
Fé e saúde mental
Em uma pesquisa, 159 pacientes com problemas de depressão maior, transtorno bipolar e outras condições foram monitorados por um ano no programa de terapia cognitivo-comportamental no hospital McLean em Massachusetts.
Desses 159 participantes, 72% classificaram sua crença em um poder superior como “moderada” ou “superior”. 47% se auto proclamavam cristãos, enquanto 38% afirmaram que não eram religiosos.
Passado um ano de estudo, pesquisadores concluíram que a fé em Deus ou em algo superior, dobrava as chances de uma pessoa responder bem ao tratamento.
Os resultados indicaram que, ao longo do tratamento, a crença em Deus, mas não a afiliação religiosa, foi associada a uma maior probabilidade de resposta ao tratamento, assim como maior grau de redução de depressão, automutilação, além de maior aumento de bem-estar psicológico.
Fé altera comportamento
A fé é um mecanismo considerado motivacional, que é capaz de alterar o comportamento do paciente na luta contra uma doença.
Pacientes religiosos e com alguma crença, fazem uso disso como incentivo a si próprios.
Ter uma religião, desencoraja comportamentos considerados maléficos à saúde, como fumar ou beber de forma excessiva, além de incentivar a adoção de um estilo de vida saudável.
Há estudos que confirmam a tese de que a oração, meditação e outras atividades de cunho religioso diminuem a ansiedade, o que ajuda a controlar o estresse de um tratamento longo ou até mesmo, algum procedimento cirúrgico.
Um exemplo clássico de como a fé é capaz de alterar o comportamento trazendo efeito positivo à saúde foi o estudo que mostrou que mulheres que frequentam igrejas, fazem mais mamografias que mulheres que não seguem religiões.
A explicação para isso é óbvia, trata-se do comportamento de autocuidado que citei algumas linhas acima. Com exames em dia, a possibilidade de um diagnóstico precoce e cura é maior no caso de um câncer de mama.
O oposto também ocorre
Da mesma forma que ter fé ou seguir uma religião pode ser benéfica à saúde, o oposto também ocorre.
Ou seja, seguir uma religião pode trazer problemas de saúde, agravar quadros de doenças pré-existentes e até mesmo levar uma pessoa à morte.
Estou sendo drástico? Não! Afinal, isso é real.
Um exemplo clássico da fé e religião afetar a saúde de maneira negativa é o das Testemunhas de Jeová que, podem se negar a fazer uma transfusão de sangue.
Esse tipo de exemplo vale para uma pessoa que responde por si mesma, assim como pais de crianças da mesma religião.
Debate sempre existirá
O debate sobre fé e saúde é amplo, sempre existiu e sempre vai existir.
No meu ponto de vista, o que deve prevalecer, é sempre o respeito e o bom senso, em casos de benefícios e malefícios à saúde.
Quando alguém me pergunta: Murilo, você acha que a fé ou a religião pode curar uma pessoa?
Minha resposta é de que a fé e a religião, são sim, instrumentos importantes para que uma pessoa enfrente determinada condição de saúde e/ou tenha que passar por um tratamento. Ter algo em que acreditar, ao qual se agarrar traz impactos psicológicos positivos à pessoa doente, contudo, não se deve dizer que foi a fé, a religião ou Deus quem as salvou, mas sim os procedimentos (cirúrgicos ou não) e medicamentos que foram utilizados.
É um tema polêmico que sempre vale ser debatido!
E você? Qual sua opinião sobre fé e saúde?
Conta para mim nos comentários, vou adorar saber o que você pensa e o que tem a dizer sobre o tema.
Murilo, a minha opinião acerca é um tanto radical. Fui durante 20 anos, discípula da Fundação Logosofica e lá a gente segue a orientação- saber e não crer. Gabriel González Pecoche estudou várias religiões e concluiu o qto são influenciados os " crentes". Enfim a religião está, em diferentes areas, interferindo na vida das pessoas.